Oposição bolsonarista protesta no Congresso após prisão domiciliar de Bolsonaro

Oposição bolsonarista protesta no Congresso após prisão domiciliar de Bolsonaro

Parlamentares da oposição ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro passaram a madrugada desta quarta-feira (6) ocupando os plenários da Câmara e do Senado em protesto contra a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O movimento tem como objetivo obstruir as pautas legislativas e pressionar as lideranças do Congresso. Deputados e senadores contrários à decisão se revezam em turnos de cinco horas para manter as mesas ocupadas e garantir a continuidade do ato.

Entre as principais reivindicações dos oposicionistas estão a votação de um “pacote da paz”, que inclui uma anistia geral, o impeachment de Moraes e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe o fim do foro privilegiado.

Apesar das tentativas de mediação por parte das lideranças da Câmara e do Senado, ainda não houve acordo que levasse ao encerramento dos protestos.

Obstrução avança na Câmara, mas perde força no Senado

Na Câmara dos Deputados, a oposição conseguiu paralisar as comissões temáticas nesta quarta-feira. Sessões foram suspensas por falta de quórum ou por obstrução deliberada da pauta. Líderes da oposição, como o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), se recusaram a participar da reunião emergencial convocada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que cancelou a sessão de segunda-feira após a ocupação do plenário.

“Determinei o encerramento da sessão do dia de hoje e amanhã chamarei reunião de líderes para tratar da pauta, que sempre será definida com base no diálogo e no respeito institucional. O Parlamento deve ser a ponte para o entendimento”, afirmou Motta em nota.

No Senado, a situação é diferente. Apesar da presença de senadores ocupando a tribuna, a oposição não conseguiu interromper os trabalhos das comissões. A base governista, com maioria na Casa, garantiu o quórum necessário para a análise de indicações a agências reguladoras. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), criticou a mobilização da oposição, classificando-a como “arbitrária” e “alheia aos princípios democráticos”.

Reivindicações e histórico de obstruções

Para destravar a pauta do Congresso, a oposição exige uma reunião conjunta com os presidentes das duas Casas e os líderes aliados de Bolsonaro, com o objetivo de alinhar a tramitação do “pacote da paz”.

A atual mobilização não é inédita. Desde 2023, parlamentares da direita já realizaram outras tentativas de obstrução dos trabalhos legislativos, todas sem sucesso prático.

Em setembro de 2024, a oposição tentou paralisar o Congresso em protesto contra a recusa do então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em dar andamento a um pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes. Na época, os oposicionistas alegaram irregularidades em pedidos feitos pelo ministro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no contexto do inquérito das fake news.

Já em março de 2025, deputados tentaram suspender votações como forma de protesto contra o início do julgamento de Bolsonaro no STF, mas a estratégia teve pouco efeito. O mesmo ocorreu em abril, quando nova tentativa de obstrução foi articulada para pressionar pela votação de um projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.