Arrastões desde novembro no Centro de SP levam lojistas à falência, ‘vaquinhas’ e prejuízos
Comerciante, que preferiu não se identificar, afirma que o movimento de clientes caiu e não consegue alugar o imóvel e pagar o IPTU. Câmeras registraram os crimes na região da Cracolândia.
Lojas da Rua Santa Ifigênia, no Centro de São Paulo, foram alvo de ao menos três arrastões do fluxo da Cracolândia desde novembro do ano passado. Os casos deixaram prejuízos aos comerciantes, que precisaram de apoio de outros empresários ou terão que fechar os estabelecimentos.
O primeiro foi em 2 novembro de 2023, seguido de outra situação parecida no dia 15 deste mês e a última contra uma loja de eletrônicos, que foi saqueada na manhã de sábado (27). Todas as ocorrências foram registradas por câmeras de segurança.
Pressionados pela insegurança e pela falta de clientes, lojistas estão indo embora. A TV Globo verificou cerca de cinco placas de “aluga-se” em um trecho de 200 metros.
A rua, que já foi conhecida como o maior ponto de comércio de eletroeletrônicos do país, vai ficando com cara de abandono, segundo os comerciantes. Um deles, que preferiu não se identificar, afirma que o movimento caiu e não consegue alugar o imóvel e pagar o IPTU.
“Não estou aguentando porque eu tenho que pagar o imposto caríssimo. Eu pago R$ 5,6 mil de imposto por mês. IPTU, infelizmente, é isso. Não tive benefício [isenção] ainda.”
Dono da loja de eletrônicos que foi saqueada na manhã de sábado (27) na região da Cracolândia, o comerciante José Carlos de Souza disse que não vai mais continuar com o negócio.
Souza afirmou à TV Globo que teve prejuízo de mais de R$ 300 mil com a ação dos dependentes químicos. Quase 100% dos produtos foram roubados, segundo o comerciante.
“A loja está sendo encerrada. A porta está fechada e não temos mais condições financeiras para continuar. Levaram mais de R$ 300 mil da loja. A gente já vem sofrendo, há vários anos, não é de agora… E o poder público promete e nada acontece. Estamos à mercê da nossa sorte”, declarou .
A loja ficou devastada: produtos quebrados no chão, prateleiras vazias destruídas e muita bagunça.
“Acabei de vir do hospital. Já estávamos numa situação financeira complicada. Fechamos três lojas, agora mais uma. Acabei de vir do hospital porque a pressão [arterial] alterou. E talvez nossa maior revolta é com o poder público, que sabe o que está acontecendo, que é uma região tomada pelos bandidos, mas não faz segurança, não faz o que deveria fazer”, declarou.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana informou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) encaminhou quatro pessoas para o 2º DP, na manhã de domingo (28) com objetos eletrônicos sem procedência.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse no domingo (28), após o saque à loja, que vai colocar mais 500 guardas civis metropolitanos (GCMs) nas ruas do Centro da capital.
“Todo esforço junto com o governo do estado, para a gente poder minimizar essa questão de segurança. A situação era bem pior lá em 2015, 2016, depois do ‘bolsa crack’ foi para 4 mil usuários. Hoje tem em torno de mil e poucos, e a gente tem aberto para vocês de forma transparente a contagem de todos os dias”, declarou.
O prefeito afirmou que está trabalhando com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para diminuir a criminalidade na região e oferecer ajuda aos dependentes químicos da Cracolândia.
Fonte: G1
Editor-chefe, publicitário, jornalista e especialista em marketing político, com vasta experiência em gestão editorial, desenvolvimento de estratégias de comunicação e campanhas políticas de alto impacto.