Senadores alertam para possível crise entre Brasil e EUA por comércio com a Rússia

Senadores brasileiros em visita a Washington alertaram que a relação comercial do Brasil com a Rússia pode gerar uma nova tensão com os Estados Unidos. Segundo os parlamentares, integrantes tanto do Partido Republicano quanto do Partido Democrata demonstraram preocupação com os países que mantêm negócios com o governo de Vladimir Putin.
“Há outra crise pior que pode nos atingir em 90 dias”, afirmou o senador Carlos Viana (Podemos-MG). De acordo com ele, os congressistas norte-americanos indicaram que pretendem aprovar uma lei que prevê sanções automáticas a países que mantêm comércio com a Rússia, em meio à guerra na Ucrânia.
A senadora Tereza Cristina (PP-MS) reforçou o diagnóstico: “Eles estão preocupados em encerrar a guerra e acreditam que quem compra da Rússia contribui para sua continuidade.”
A importação de combustíveis e fertilizantes russos por diversos países, incluindo o Brasil, é um dos pontos mais sensíveis nas discussões com os EUA, que vêm adotando medidas punitivas semelhantes. Mais cedo, o presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 25% mais multa à Índia, em resposta às negociações daquele país com a Rússia nas áreas de energia e defesa.
Apesar do cenário tenso, os senadores brasileiros disseram ter conseguido abrir um canal de diálogo com parlamentares e representantes do setor privado norte-americano, na tentativa de minimizar os impactos das tarifas anunciadas por Trump sobre produtos brasileiros — que devem entrar em vigor a partir de 1º de agosto.
Segundo o senador Marcos Pontes (PL-SP), as conversas com parlamentares e empresas foram produtivas. “Tivemos apoio de companhias que também serão prejudicadas pelas medidas”, disse.
A comitiva afirmou que setores como café e grãos — nos quais os EUA têm baixa produção — podem ficar de fora das tarifas, caso o diálogo avance. No entanto, segundo os senadores, será necessário restabelecer uma relação mais estruturada entre os dois países.
“O Brasil precisa levar à mesa de negociação mais do que apenas um pedido. É preciso reconstruir a parceria estratégica com os Estados Unidos, que está congelada há cerca de três anos”, afirmou Carlos Viana.
A participação direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas tratativas também foi defendida pelos senadores. Em entrevista recente, Lula afirmou que buscou contato com o governo norte-americano, mas não obteve resposta. “O que está nos impedindo é que ninguém quer conversar”, declarou.
Segundo o presidente, o Brasil não pretende adotar uma postura de confronto, mas sim buscar um meio-termo nas negociações. “Não se resolve isso estufando o peito, nem abaixando a cabeça. É preciso equilíbrio”, concluiu.

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