Colmeia Mágica: Justiça arquiva 2º inquérito após polícia não provar torturas, maus-tratos e castigos contra mais 37 alunos na escola
A Justiça de São Paulo arquivou o segundo inquérito aberto pela Polícia Civil para investigar novas denúncias de torturas e maus-tratos contra alunos na Colmeia Mágica.
A Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 8ª Delegacia Seccional chegou a identificar 37 alunos (23 meninos, um adolescente e 13 meninas) que, segundo a maioria das testemunhas (pais dos estudantes, ex-professoras e ex-funcionários da escolinha), sofreram agressões desde 2009 na Colmeia Mágica.
Mas essas testemunhas não tinham nem apresentaram fotos, vídeos ou laudos que comprovassem que as torturas e maus-tratos contra os alunos ocorreram. E também não apresentaram provas de que estudantes foram torturados, maltratados e castigados por ordem da direção da escolinha.
Desse modo, a delegacia relatou o inquérito à Justiça sem apontar quem foi culpado pelos supostos crimes. E por isso não indiciou as responsáveis pela escolinha e suas funcionárias pelas eventuais torturas e maus-tratos que teriam ocorrido.
O segundo inquérito foi arquivado em maio, mas o g1 só confirmou seu arquivamento nesta semana.
Ele foi aberto em 2022 a pedido do Ministério Público (MP) após a repercussão das primeiras denúncias nas redes sociais e na imprensa de que crianças eram maltratadas na Colmeia Mágica (saiba mais abaixo).
Neste segundo inquérito, pais de alunos relataram que notaram lesões no corpo e mudanças de comportamento nos filhos no período em que estudaram na escolinha. Essas crianças teriam sido torturadas e maltratadas, mas não há imagens dessas lesões.
A Colmeia Mágica foi fundada em 2002 e atendia crianças de 1 a 5 anos, do berçário ao ensino infantil. Atualmente está fechada. As novas vítimas que apareceram no segundo inquérito tinham, em sua maioria, idades entre 6 meses e 6 anos. E teriam sofrido algum tipo de violência entre 2009 e 2022, de acordo com as testemunhas ouvidas.
Numa das denúncias que fizeram, um adolescente de 16 anos com síndrome de Down foi mencionado pelas testemunhas como alguém que ficava na escola e sofria maus-tratos. Elas disseram que a direção da Colmeia Mágica obrigava alunos a castigos físicos quando choravam ou por não comerem as refeições.
Relataram também que meninos e meninas de até 5 anos eram amarrados em lençóis presos a cadeiras de bebês, não podendo mexer os braços, enquanto ficavam em banheiros escuros. Disseram ter ouvido das responsáveis pela escolinha que isso acalmava as crianças.
Outras punições aplicadas previam colocar crianças em pé por horas. Num dos relatos, uma mulher que trabalhou na Colmeia Mágica em 2016 contou que viu a diretora exigir que um aluno comesse o próprio vômito. Segundo ela, a criança não estava querendo se alimentar, passou mal e vomitou o que comeu no prato.
O primeiro inquérito contra a Colmeia Mágica foi encerrado há quase dois anos. À época, a polícia indiciou as irmãs Roberta Serme e Fernanda Serme, respectivamente diretora e coordenadora da escolinha, e Solange Hernandez, uma funcionária, por torturar e maltratar outros nove alunos (sete meninos e duas meninas identificados) entre 2021 e 2022.
O caso foi revelado em 2022 pelo g1, depois que vídeos e fotos mostravam essas nove crianças amarradas e chorando no banheiro da escola. Em 2023, as três mulheres investigadas indiciadas pela polícia, acusadas pelo Ministério Público (MP) e depois acabaram condenadas à prisão pela Justiça pelos crimes.
Roberta recebeu pena de 49 anos, 9 meses e 10 dias de prisão em regime inicial fechado, e 1 ano e 4 meses de detenção no semiaberto. Fernanda foi punida com 13 anos e 4 meses de detenção no semiaberto.
Solange foi condenada a 31 anos, 1 mês e 10 dias de reclusão, em regime inicial fechado, e 8 meses de detenção em regime semiaberto. Ela, no entanto, continua em liberdade.
No entendimento das autoridades, havia imagens no primeiro inquérito que comprovavam torturas, maus-tratos e castigos contra os nove alunos. As donas da escolinha estão presas.
O g1 não conseguiu localizar as defesas das investigadas para comentarem o assunto até a última atualização desta reportagem. Seus advogados sempre informaram à imprensa que suas clientes negavam as acusações de tortura e maus-tratos contra os alunos.
Fonte: G1
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