Edifício Matarazzo reabre visitas do programa Vai de Roteiro após restauração de seu hall

Edifício Matarazzo reabre visitas do programa Vai de Roteiro após restauração de seu hall

Após a conclusão da restauração do saguão do Edifício Matarazzo, o prédio histórico volta a integrar, a partir de sábado (23), a grade de atrações do programa Vai de Roteiro, iniciativa da Prefeitura que oferece passeios guiados gratuitos por pontos emblemáticos da cidade. O projeto tem o objetivo de promover o turismo local, destacando a riqueza cultural, histórica e arquitetônica de São Paulo para moradores e visitantes.

Foram investidos R$ 93 mil na avaliação das manutenções necessárias e R$ 3,1 milhões na execução das obras, realizadas ao longo de pouco mais de seis meses. As visitas ocorrem aos sábados e domingos, às 14h30 e 16h30, com grupos de até 20 pessoas. Além do saguão, o jardim da cobertura também pode ser visitado. Não é necessário agendamento prévio; os interessados devem se inscrever no local, chegando entre 15 minutos e 1 hora antes da visita, apresentando documento oficial com foto (ou certidão de nascimento para crianças menores de 5 anos).


Restauração preserva patrimônio histórico

A revitalização foi conduzida por uma equipe de dez profissionais especializados em conservação, restauro e manutenção. Entre os serviços realizados, estão a fixação das placas de mármore travertino, a recuperação de esquadrias de madeira e metálicas e a preservação das características originais do edifício, construído entre 1937 e 1939.

Segundo a secretária de Urbanismo e Licenciamento, Elizabete França, preservar prédios históricos no centro tem caráter estratégico. “Impulsiona a economia local, atrai moradores, gera empregos e resgata o valor cultural da cidade. Restaurar o Edifício Matarazzo é abrir as portas da história para a população”, afirma.

A necessidade da obra surgiu em inspeções de rotina, que identificaram desgaste natural e recomendaram a recuperação integral — a primeira desde a inauguração. O Estúdio Sarasa, especializado em patrimônio histórico, foi contratado para executar o serviço.

O engenheiro Artur Queiroz, coordenador de operações, destacou que fatores como o adensamento urbano, trânsito intenso e grandes eventos no Vale do Anhangabaú exigem atenção especial às estruturas do prédio. “As transformações urbanas ao longo das décadas reforçam a importância de conservar o edifício com cuidado”, explicou.

A equipe contou também com artistas plásticos, historiadores e biólogos, que atuaram por cerca de 200 dias no terceiro pavimento. Técnicas de restauração envolveram a recuperação das placas de mármore, a instalação de pinos de fibra de carbono no teto e a aplicação de resina acrílica e cimento branco, garantindo a aderência do material sem descaracterizá-lo. Ao final, o mármore foi higienizado e recebeu cera protetiva. Todas as etapas foram detalhadas em banner explicativo na entrada do saguão.


Sustentabilidade e valorização cultural

Para a arquiteta Luiza Ravanini, a manutenção de patrimônios históricos é essencial: “Preservar o passado é preservar nossa identidade. Não podemos demolir construções importantes, precisamos mantê-las e integrá-las à vida da cidade”. O engenheiro Queiroz complementa: “Devemos considerar não só a materialidade, mas também o ser humano dentro desse processo”.

O jardim da cobertura, chamado Walter Galera, possui lago com carpas, cerca de 400 espécies de plantas e vista panorâmica para o Theatro Municipal, Farol Santander e Edifício Martinelli.


História do Edifício Matarazzo

O imóvel já foi sede das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo (IRFM), do Grand Hotel de La Rotisserie Sportsman e do jornal Diário da Noite, de Assis Chateaubriand. Em 1972 foi vendido ao Grupo Audi e, dois anos depois, ao Banespa, passando a ser conhecido como “Banespinha”.

Em 2004, com a privatização do Banespa, o prédio, tombado pelo Conpresp em 1992, foi cedido à Prefeitura como parte de negociação de dívidas.


Detalhes arquitetônicos

O saguão do edifício possui cinco painéis esculpidos com os ramos de negócio dos Matarazzo: tecelagem, metalurgia, agricultura, química e comércio. Dois pilares revestidos de mármore travertino apresentam relevos ligados ao trabalho, criados pelo escultor italiano Galileo Emendabili. Às laterais estão os brasões da família Matarazzo e, acima dos elevadores, um mosaico de Giulio Rosso, que faz alusão ao Brasil. Como outros prédios da época, não há 13º andar; após o 12º, vem o 14º por superstição.